quarta-feira, janeiro 02, 2013

O Salto


2012 foi o ano do salto. Podia chamar-lhe mergulho, mas prefiro vê-lo como um salto. Um salto para dentro de mim, sem medo de me perder no vazio.

E se a vontade de dar esse salto foi uma decisão consciente - numa tentativa de me conhecer e de ser mais feliz - todo o processo subsequente, embora consciente, não depende da minha vontade e não posso sequer tentar controlá-lo. É uma aventura. Terrível e magnífica. 

Terrível porque me confrontei com algumas coisas que preferiria não ter encontrado em mim. Mas magnífica por tudo o que ganhei em verdade e em autenticidade. Finalmente a imagem projectada no espelho é mais aquilo que Sou e menos a construção racional (a máscara) a que hoje chamo o "sempre fui assim".

Hoje sinto que este salto em busca do Eu é, possivelmente, a maior viagem que algum dia poderei fazer. E uma viagem que nunca acaba, porque é sempre possível ir mais longe e mais fundo. Aliás, esse é o verdadeiro desafio, não parar a incessante busca do Eu e aprofundar o Ser. Encontrar o Eu verdadeiro, fundo, bem fundo, e não o eu que fui construindo, camada após camada, até não ser mais do que um conjunto de certezas inabaláveis e de definições absolutas do "sempre fui assim".

Tornar-me eu mesma, sei hoje, é uma tarefa árdua. Implica deitar fora muitas das coisas que sempre disse e sempre fiz porque "eu era assim". É andar à deriva e, muitas vezes, não saber, de todo, qual é o caminho que quero seguir. É contradizer-me, é aceitar que há mais mundo que quero descobrir, é ter a coragem de viver os meus sonhos, é assumir que posso e quero ser mais e ser melhor. É, também, redescobrir a autenticidade e perder o medo de Ser. É difícil, mas é possível.

Eu quis dar esse salto e mesmo sabendo que ainda tenho um longuíssimo caminho a percorrer, ganhei a serenidade de o ir fazendo, dia a dia, sem querer construir uma nova "máscara" e tornar-me qualquer outra coisa que não Eu. No fundo é este o meu propósito no ano que começa. É simples, mas não é pouco. É uma tarefa para a vida.

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