sábado, maio 07, 2005

«Confissões de uma estagiária»

Este bem que podia ser o título de um filme ou de um livro (talvez aquele que um dia escreverei!) mas por enquanto é tão só um post de justificação de faltas sistemáticas (será que tenho reservado um bloggosférico chumbo no fim do ano?) ...
Esta vida de estagiária, meninas e meninos, não é fácil! Acreditem ou não eu já tenho saudades das noitadas a estudar (que, no fim de contas, na pior das hipóteses seriam 10 por ano - média razoável para uma aluna que sempre preferiu guardar o sprint para a recta final!), dos dias na biblioteca passados entre os livros e as descontraídas gargalhadas no bar ou nos corredores, do stress da saída de uma nota que só me comprometia a mim e cujos méritos também eram exclusivos meus!
Saudades da saudável irresponsabilidade pontuada, de vez em quando, pelos stresses dos exames que acabavam sempre por, no final, correr bem, mesmo quando corriam mal!
E agora, que começo a receber as fitas dos amigos que este ano acabam o curso, sinto imensas saudades dos meus tempos de aluna... e penso como, há um ano, estava enganada quando pensava que estava farta da faculdade e queria começar a trabalhar à séria! É que, visto à distância, com o melhor filtro daquilo que é importante e totalmente irrelevante - o TEMPO - sei que os meus últimos anos de faculdade foram dos mais divertidos que há! A leveza, o descomprometimento, alguma irresponsabilidade, a confiança na sorte e na inteligência - em detrimento, muitas vezes, do estudo aprofundado das questões! Era bom, não era?
E agora é tudo diferente. No mundo do trabalho não nos pedem nada à excepção de uma coisa -PERFEIÇÃO. Perfeição material e perfeição formal. Atenção a tudo e responsabilização máxima. Nada de confiar que na oral o Professor não vai perguntar nada da página 460 em diante. Nada de achar que, com uma luzes, consigo responder ao exame e safar-me com um surpreendente 14! Isso acabou!
Agora é a sério e se isso custa é, exactamente, pelo mesmo motivo que crescer também custa (as tais das dores de crescimento!). E acreditem que deixar para trás a vida de estudante e começar a trabalhar, por incrível que pareça, é também um marco (talvez um dos mais definitivos) na passagem da 'adolescência' à idade adulta, embora ocorra por volta dos 22 ou 23 anos! Já repararam como há pequenos indícios que demonstram isso mesmo? A maneira de vestirmos - antes de trabalharmos alguma andávamos sempre com calças 'à senhora' ou com sapatos 'xpto' ou de fato? -, o facto de sermos tratados, de repente e a despropósito, como 'a Drª' e 'a senhora' quando até aí eramos a Beatriz, a Maria, a Inês ou a Filipa ou, simplesmente, ' a menina', ou até a maneira como temos que passar a falar e a forma como nos devemos comportar?
Se querem saber a minha opinião, isso de crescer é uma grande chatice, mas é daquelas chatices pelas quais todos passamos. E como não temos escapatória e não queremos ser uns retardados mentais - sim, porque Neverland não existe e o Peter Pan é um caso isolado - temos que aprender a lidar com a responsabilidade da nossa nova idade adulta e saber daí retirar as vantagens. Mas para isso precisamos de um tempo de habituação às novas 'funções' - que, ainda por cima, vieram para ficar, porque uma vez declarados adultos só o deixamos de ser quando de velhos tornarmos a meninos (!).
Enfim, isto tudo para dizer que a minha presença na Bloggosfera tem perdido por causa desta minha nova vida de «estagiária» que, até tem sido interessante, para além de bastante preenchida! E o Blog ressente-se mas mantém-se como o meu 'jardim infantil' privativo no qual não sou nem 'Drª' nem senhora, no qual para entrar não é preciso nenhum dressing code especial e no qual digo tudo o que me apetece! É por isso que eu gosto muito do meu SLIH, que deve mesmo ser irreverente, gostem ou não! Aliás o lema do SLIH foi e será sempre «Some like it hot and some like it not». Eu fiz a minha escolha!

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